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Uma viagem pela culinária da monarquia brasileira no Petrópolis Gourmet 2022, quinto maior do país

Sabores inspirados em pratos centenários vão contar uma parte da história e cultura do Brasil na 22ª edição do Petrópolis Gourmet, o quinto maior festival gastronômico do país que, este ano, propôs como desafio aos chefs um tour pelos menus que a monarquia brasileira apreciava. “Sabores de João – um passeio pela culinária da monarquia brasileira” acontece entre os dias 27 de outubro a 13 de novembro em 31 restaurantes, bares e cafeterias participantes. A inspiração do festival deste ano se relaciona e homenageia os 200 anos de Independência, uma agenda histórica e o tema do festival foi personificado em D. João VI, rei de Portugal e do Brasil, um amante da gastronomia. O Petrópolis Gourmet é realizado pelo Petrópolis Convention & Visitors Bureau e tem o patrocínio de Águas do Imperador e Toyoserra e o apoio da Cervejaria Odin, Sucrè Escola de Confeitaria, Toyoserra, Distribuidora de Bebidas Serrana, Mega Beef, Marco Aurélio Lopes Sommelier e Prefeitura de Petrópolis.  O evento tem um site próprio, o www.petropolisgourmet.com.br  com todos os pratos, chefs e estabelecimentos participantes relacionados.

Chefs e restaurantes foram desafiados, nesta edição, a compor receitas com ingredientes simples e acessíveis, como frango, uma das preferências de D. João VI, que não tinha o bacalhau, uma iguaria portuguesa, como seu prato predileto, ao contrário do que muitos possam imaginar.

“Escolhemos um alimento que pode ir do popular à sofisticação e que é presente à mesa dos brasileiros. O frango é ator principal no festival, mas a indicação é que os chefs criem pratos à base de porco, vegetais da época, peixes e frutas”, afirma o Marco Lima, curador do evento e chef premiado internacionalmente (eleito melhor chef no segmento de iates nos anos de 2018 e 2019 pela Acrew Awards) além de ter passado pelos programas de televisão Mais Você e Estrelas.

Natural de Petrópolis, Marco Lima procurou estabelecer uma ponte entre passado e presente e trazer à mesa receitas de vários ‘joões’ do dia a dia.  “Tem o João da feira, da padaria, da peixaria e também o rei. Esse é o barato do festival: unir todas estas ricas experiências celebrando cultura e história e nutrindo corpo, alma e mente”, analisa.

O Petrópolis Gourmet completa 22 anos de edições ininterruptas, mantidas mesmo na pandemia com a versão delivery do festival. “Este ano que voltamos com o presencial de forma plena é alta a expectativa de ser uma das melhores edições dos últimos tempos”, afirma Fabiano Barros, presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau. Este reencontro com o público de forma intensa precisava ser celebrado com um tema especial. “E queremos que o Petrópolis Gourmet desde ano seja mais do que especial, que ele eternize este momento de proximidade que hoje é possível com algo mais, que nos faça reverenciar nossas raízes“, considera Fabiano Barros.

Restaurantes estão entusiasmados com o tema e ousam no cardápio

Para Wallace Braz, do Katsura, o tema e a especialidade do restaurante fizeram uma boa união mesmo em se tratando da gastronomia oriental. “A culinária tradicional japonesa valoriza o ingrediente regional e privilegia aquele que é o mais fresco possível entre vegetais, legumes e pescados. Em se tratando de D. João, que tinha um gosto muito simples com preferência por frango, legumes e frutas da estação, usamos a técnica japonesa do modo de preparo e fizemos uma fusão com a regionalidade”, explica.

O menu especial do Katsura é um tartar de atum com abacate, com cobertura de gema de ovo caipira e ovas de peixe “Todos produtos nacionais, valorizando nossa produção”, enfatiza Wallace. O público vai se deliciar ainda com buta no kakuni (panceta de porco) cozida lentamente por três a quatro horas acompanhada de sunomono (salada de pepino) e (gohan) arroz japonês.  De sobremesa, o tradicional karumaki (rolinho primavera) com um sabor local: recheio de doce de leite com um toque e café e queijo minas padrão.

Já o restaurante Ariá incorporou o tema até mesmo na nomeação do cardápio.  A entrada foi batizada de “A fuga do Infante na Nau Príncipe Real e o cerco de Junot” que é um barquete de massa phyllo recheada com frango e pele frita regados ao molho de cogumelos Paris. Na sequência, o prato principal se chama “Aclamação no Terreiro do Paço – Folga no Galinheiro” que consiste em um arroz de chouriço com carqueja. De sobremesa “Antônio das Rosas e a perdição de Dom João”, uma compota de laranja baia e capim limão adornada com pétala de rosa açucarada.

“É um tema envolvente e procuramos trazer um toque de originalidade com um cardápio para inspirar que o público consuma o prato e também a história”, afirma Marcelo Souza sobre a criação do chef e sócio Bruno Canatto.

O festival, este ano, também privilegia o talento dos chefs e o menu será completo nos restaurantes: entrada, prato principal e sobremesa.  Haverá um concurso de melhor menu e o prêmio é um investimento no potencial desses artistas: os dois primeiros lugares ganharão uma oficina do Le Cordon Bleu, que será realizada na Casa Marambaia.  Já as delicatessens, cafeterias e sorveterias, poderão participar de um concurso que vai escolher a melhor sobremesa cujo prêmio é uma oficina na Sucrè Patisserrie, escola de confeitaria de Petrópolis e referência na área.

D. João VI e suas preferências gastronômicas e

“D. João VI foi o único que conseguiu me enganar”, escreveu em suas memórias Napoleão Bonaparte, imperador da França que declarou guerra às monarquias da época. D. João VI resistiu às investidas de Bonaparte até que Portugal não respeitou o Bloqueio Continental, decretado pela França em 1806 contra a Inglaterra. Com as tropas de Napoleão preparadas para invadir Portugal, D. João VI transferiu a corte para o Brasil. E as tropas francesas acabaram encontrando Lisboa vazia praticamente.

E a sede da corte foi transferida para a mais rica e vasta colônia do império português. Parte da história, personalidade e costumes do rei são descritos pelo escritor C. J. Dunlop, no livro “Rio Antigo” (Editora Rio Antigo, 1960). Ele assinalava o apetite de D. João e sua predileção pelo frango, iguaria feita sempre de forma simples.

E essa preferência teria começado antes, ainda com d. João IV (1608-1656), primeiro soberano da dinastia e seguido até o neto d. Pedro II (1825-1891). O último imperador do Brasil, avesso à pompa e com hábitos simples à mesa, era aficionado pelo caldo à base de arroz e ave, a canja, que poderia ser de galinha ou macuco, uma ave corriqueira na época, conta José Murilo de Carvalho, em “D. Pedro II” (Companhia das Letras, 2007). E Napoleão Bonaparte, coincidência, também tinha o frango como seu prato predileto, o ‘frango à Marengo’.

“A gastronomia também é uma arte e uma arte que estimula todos os sentidos e assim vamos conhecendo a cultura e perpetuando a história. Essa é a proposta do Petrópolis Gourmet: que a gente conheça e saiba de nossa cultura passando pela experiência do paladar que é um sentido que nos preserva memórias de um jeito inigualável”, afirma o chef Marco Lima.

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