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Jornada Ciência e Comunidade reúne mais de 70 pessoas na Posse em amplo debate sobre Direito à Cidade

Mais de 70 pessoas participaram da Jornada Ciência e Comunidade na terça-feira (29), na Posse. O encontro aconteceu na Praça CEU e reuniu especialistas e sociedade civil, com moradores de 28 localidades de Petrópolis, em um amplo debate sobre “Direito à cidade”, tema incluído no Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 11: “Cidades e Comunidades Sustentáveis”, que tem como meta tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.  

A iniciativa das Jornadas Ciência e Comunidade é do Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde, programa da presidência da Fiocruz em Petrópolis, construída em conjunto com os moradores. Na Posse, o encontro teve o apoio da Prefeitura de Petrópolis.  

A mesa de abertura contou com a participação do diretor do Fórum Itaboraí, Felix Rosenberg; da presidente do Instituto Municipal de Cultura, Diana Iliescu, representando o prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo e de Maurício Veiga, diretor de Habitação e Regularização Fundiária do município e que, na ocasião, representou o secretário de Assistência Social, Fernando Araújo.  

Esta foi a segunda edição das Jornadas Ciência e Comunidade em Petrópolis. A primeira, que ocorreu em janeiro deste ano no Amazonas, no Quitandinha, tratou sobre o Combate à fome. “Nas Jornadas compartilhamos saberes entre os intelectuais, cientistas e a comunidade. Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável estabelecem metas para a prevenção e o controle de doenças e para todos os componentes que determinam as desigualdades sociais, principal determinante das condições de saúde e bem-estar, bem viver de todo mundo. Saúde vai muito além do combate às doenças”, destaca Felix. 

A programação da Jornada começou com o Teatro do Oprimido (TO) do Fórum Itaboraí. A apresentação teve como atrizes mulheres do Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) da Posse e alunos do Núcleo do TO do Fórum Itaboraí. Na ocasião, promoveu uma reflexão sobre as dificuldades enfrentadas no dia a dia pelos moradores do distrito, como ter acesso a serviços básicos, o constante atrasos dos horários de ônibus, além dos transtornos impostos pela centralização de atividades no primeiro distrito. A apresentação foi seguida da técnica de Teatro Fórum onde pessoas da plateia puderam substituir atores da cena buscando soluções para os problemas apontados. 

Depois, foi iniciada a sequência de palestras. A primeira de Kelson Senra, arquiteto, doutor em planejamento urbano pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e mestre em Geografia pela Universidade de Brasília. O especialista foi secretário de Habitação em Petrópolis nos anos de 2011 e 2012. “Não é fácil tratar de direito à moradia, mas é a potência de esforço que pode nos levar à frente”, disse, acrescentando que é fundamental a construção de organizações comunitárias para defender o bairro. “A cidade é para o bem-estar da população e a comunidade junta pode muita coisa”.  

Kelson comentou ainda que em 2012 foi feito um plano de habitação social em Petrópolis e sinalizou como um desafio a falta de direcionamento de recursos para implementação deste documento e de outros, como o plano diretor, que possui diretrizes para o planejamento urbano.  

Logo após, Itamar Silva falou sobre a importância da participação popular na construção de políticas públicas. Itamar foi diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) por dez anos, é jornalista, estudioso e líder da questão habitacional nas favelas do Rio de Janeiro. “A participação não pode ser uma palavra vazia. E às vezes ela está resumida a uma reunião, mas nem sempre é estar na reunião, mas cómo a pessoa está nessa reunião? Porque é importante também ter o acesso à informação”, disse. 

Nascido no Morro Santa Marta, no Rio de Janeiro, onde vive até hoje e já ocupou a presidência da Associação de Moradores, Itamar destacou que o direito à moradia está na constituição brasileira e promoveu reflexões como: “Onde a gente mora? “Por que a gente não tem casa? Quem nos ouve sobre isso? Com que ouvido? Com que tratamento?”.  

Durante sua fala, Itamar ressaltou ainda que o direito à cidade é um direito pleno que dá conta da educação, saúde, habitação e lazer.  

A última palestrante do dia, Layla Talin, arquiteta e urbanista e servidora da Prefeitura de Petrópolis, falou sobre o ir e vir enquanto direito à cidade. Layla abordou o Plano de Mobilidade Urbana da CPTrans (Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes), a importância de a população ter acesso a diferentes modos de deslocamento, que não sejam apenas só por meio do transporte coletivo, além de apresentar algumas opções para melhorar condições de estradas a fim de permitir melhor a circulação de pedestres e ciclistas.  

Por fim, moradores da Posse apontaram propostas para solucionar os problemas que apareceram ao longo da reunião. Leonardo Fragoso sugeriu que o que foi discutido na jornada tivesse continuidade e destacou a possibilidade da criação de um fórum permanente. “Precisamos encontrar um caminho de discussão em busca de resultados positivos”, afirmou.  

Felix Rosenberg destacou a importância de que se crie uma rede. “Tenho certeza que assim nossa sociedade vai se transformar muito rápido. Então faço um forte apelo à participação e a continuidade deste trabalho”. 

O encerramento da Jornada da Posse teve uma apresentação de um conjunto de sopros com alunos da Orquestra de Câmara do Palácio Itaboraí (OCPIT).  

A próxima Jornada Ciência e Comunidade está prevista para ocorrer em novembro na Vila Rica. O tema que será debatido será a gestão do lixo. 

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