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Exposição “Tristes, Loucas e Más” uma Jornada de Sensibilidade e Reflexão aberta à visitação na UNIFASE

Na vanguarda do diálogo entre arte, ciência e questões de gênero, o Laboratório de Estudos em Representações Sociais e Saúde (LERS) e o Coletivo Feminista (COFEM) do Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis (UNIFASE/FMP) celebram a abertura à visitação da exposição “Tristes, Loucas e Más”, que terá início na próxima sexta-feira (05/04), às 19h30, no Centro Cultural da UNIFASE/FMP. A exposição, gratuita e aberta ao público, marca o transbordamento de um intenso projeto de estudos que mergulhou nas profundezas das representações sociais femininas, encontrando expressão criativa e sensível.

“A exposição na UNIFASE é um convite para todos aqueles que desejam se envolver em um diálogo significativo sobre a loucura, as questões de gênero e a construção social do feminino através da arte. A experiência sensorial, matéria-prima das artes, é permeada pelas significações, representações que produzimos e compartilhamos sobre nossas experiências. É essa mesma imaginação simbólica que torna inteligível o mundo, o campo de Estudos do LERS, uma dimensão fundante do conhecer e estar no mundo. A imaginação criativa é o que conecta o mundo das artes com o mundo das ciências. E ver isso expresso na criação subjetiva das estudantes, a partir dos afetamentos intelectuais e sensíveis produzidos pelos nossos estudos, é incrível!”, frisa Maria Regina Bortolini, orientadora do grupo de estudos.

Desde os desafios impostos pela pandemia de COVID-19, o LERS e o COFEM têm colaborado no desenvolvimento de um grupo de estudos focado em obras relevantes no campo dos estudos de gênero. O objetivo principal tem sido a construção de espaços de estudo e diálogo, onde a leitura acadêmica se entrelaça com as vivências coletivas, propiciando um ambiente de reflexão e ativismo em torno das questões de gênero.

“A escolha do tema surgiu a partir do nosso antigo grupo de pesquisa, em que a saúde mental foi um assunto muito abordado e que permitiu a criação de um vínculo mais forte entre as participantes, mesmo que não fosse o tema do livro anterior. Acabamos percebendo que o assunto saúde mental da mulher seria um facilitador para um novo grupo, além da importância de criarmos um espaço para as participantes poderem falar sobre suas opiniões e vivências. Também preciso destacar que o tema é de uma significância absurda em nossa formação, principalmente na área de saúde, para podermos ter um olhar diferenciado sobre como a mulher foi e é vista na história da psicologia e da psiquiatria, onde muitas dessas questões possuem repercussões até hoje”, explica Gabrielle Pinheiro, aluna de Medicina e membro do COFEM da UNIFASE/FMP.

O projeto começou com o estudo da obra “O Segundo Sexo”, de Simone de Beauvoir, uma análise profunda que revelou como a concepção do masculino como absoluto universal humano e do feminino como “o outro” permeia a sociedade, legitimada por argumentos biológicos, históricos e psicanalíticos. À medida que o grupo avançava na leitura, as discussões se tornavam mais pessoais e sensíveis, com relatos individuais se entrelaçando com as reflexões da obra. Em seguida, o grupo se dedicou ao estudo de “Tristes, Loucas e Más”, de Lisa Appignanesi, explorando o papel da ciência médica na construção de discursos que muitas vezes marginalizam e estigmatizam as mulheres, especialmente aquelas com questões de saúde mental. Novamente, as discussões ultrapassaram os limites acadêmicos, levando os participantes a questionar e refletir sobre suas próprias experiências e identidades.

“Ver o surgimento, desenvolvimento e agora a concretude dessa exposição me leva a refletir sobre o percurso que tivemos dentro do grupo de estudos ‘Tristes, loucas e más’, um trajeto no qual pudemos experienciar um crescimento e amadurecimento individual e coletivo que abrange as mais diversas áreas de nossa vida, ultrapassando os limites da academia. Nos propor e nos permitir abordar a reflexão sobre a construção social acerca do ideal feminino, é um ato de coragem, pois, como grupo majoritariamente composto de mulheres, foi inevitável que nos defrontássemos com nossas próprias realidades”, destaca Ana Beatriz Mello, aluna do curso de Psicologia.

A exposição “Tristes, Loucas e Más” é o culminar dessa jornada de sensibilidade e reflexão. Longe de ser uma simples resenha das obras estudadas, a exposição busca compartilhar ideias, ampliando os espaços de expressão e acolhimento para pensar, sentir e agir. Dividida em três movimentos, a exposição provoca uma reflexão profunda sobre os processos de estigmatização e violência enfrentados pelas mulheres, celebra os laços de afeto e solidariedade que as unem, e oferece um espaço de escuta e acolhimento para cada participante.

“Está sendo muito bom esse processo de montagem da exposição, pois estamos trabalhando na lógica do coletivo. A exposição em si já é fruto desse trabalho de pesquisa realizado ao longo de um ano e está sendo uma delícia poder construir isso como um encerramento desse ciclo com as meninas”, finaliza Carol Oliveira, aluna de Medicina.

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