Com mais de 172 registros de incêndio em vegetação entre os meses de junho e agosto, Petrópolis enfrenta um aumento nas queimadas, exigindo uma abordagem técnica e integrada para a recuperação ambiental. Os dados do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio, apontam que o número representa um aumento de 138,9% em relação a 2023, quando foram 72 ocorrências do gênero, entre 1º de junho e 31 de agosto. Com foco em minimizar o impacto das ações, trazendo um novo impulso para a natureza, a engenheira agrônoma Carolina Rodrigues fala sobre a importância de desenvolver projetos que visam a restauração de áreas degradadas e a prevenção de novos incêndios.
Os impactos são amplos e profundos: degradam o solo física, química e biologicamente, deixando mais seco e arenoso, além de liberar gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono e o metano, que intensificam as mudanças climáticas, como explica Carolina. “Essa degradação altera o planejamento das ações de reflorestamento, uma vez que a temperatura elevada do solo prejudica o crescimento das mudas”, detalha.
A especialista destaca que a atuação deve se fixar em três frentes principais: “Estamos focados em compensações ambientais, parcerias com empresas que conectam a venda de produtos ao plantio de mudas, e editais voltados à recuperação ambiental. Essas estratégias são fundamentais para mitigar os danos causados por queimadas”, explica.
O processo de compensação ambiental ocorre anualmente, mas o plantio é realizado preferencialmente durante a estação chuvosa, entre novembro e março. “Devido à crise climática, a disponibilidade hídrica tem se tornado irregular, o que nos leva a implementar sistemas de irrigação, como gotejamento e caixas d’água, para garantir a sobrevivência das mudas”, afirma Carolina.
Para evitar a propagação de incêndios, a realização de aceiros — faixas desprovidas de vegetação — é uma prática recomendada. “Essas medidas são essenciais, especialmente em épocas de seca, quando há um aumento no risco de queimadas em pastagens”, ressalta a engenheira.
As áreas de preservação permanente (APP), como margens de rios e encostas, são priorizadas para o reflorestamento. Carolina orienta que proprietários de terras afetadas por queimadas podem colaborar ao entrarem em contato com órgãos ambientais e empresas de reflorestamento. “Isso não apenas protege as nascentes e o solo, mas também agrega valor às propriedades”, explica.
Além da recuperação do solo e da vegetação, o reflorestamento é crucial para a conservação da biodiversidade e a regulação do ciclo da água. “A restauração de áreas queimadas também contribui para a redução da concentração de CO2 na atmosfera, desempenhando um papel importante no combate às mudanças climáticas”, conclui Carolina Rodrigues.