Segundo os dados levantados pela 10ª Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, realizada pelo Instituto DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV) e divulgados na última quarta-feira (28/08), Rio de Janeiro, Rondônia e Amazonas são os estados brasileiros com maiores índices de mulheres que declaram ter sofrido violência doméstica ou familiar provocada por um homem.
Sendo uma realidade preocupante, o Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto e a Faculdade de Medicina de Petrópolis (UNIFASE/FMP) promoveram ações de conscientização e reflexão sobre o tema nas unidades de saúde da Família que são geridas pela instituição.
“Na USF Boa Vista, nós elaboramos um mural educativo sobre o tema, apresentando os tipos de violência, com o objetivo de sensibilizar e informar a população sobre a identificação de situações de violência e os canais disponíveis para denúncias, promovendo uma rede de apoio. Além disso, realizamos a sala de espera, onde os grupos de mulheres da comunidade debateram sobre a temática conosco”, explica Esthefanie Mello, Nutricionista da USF Boa Vista, unidade gerida pela UNIFASE/FMP.
Gabriela Graça, coordenadora do curso de Medicina Legal e Perícias Médicas da UNIFASE/FMP, frisa que a violência contra a mulher causa danos físicos, psicológicos e sociais profundos, fazendo com que as vítimas muitas vezes sofram com depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático e outras doenças mentais, sendo extremamente necessário que as vítimas denunciem seus agressores na delegacia, para que eles paguem pelo crime.
“Finalizando agosto, o mês de prevenção à violência contra a mulher, e nesse ano com um dado especial, que é o aniversário de 18 anos da Lei Maria da Penha, que modificou um pouco esse cenário, em que as lesões corporais leves sejam consideradas não dependência de representação para que a punição de um agressor contra uma mulher seja levada adiante, nós queremos estimular as vítimas a comparecerem às delegacias para fazerem as denúncias, passarem por exames de corpo de delito, uma vez que o nosso laudo pericial vai embasar um processo, vai embasar a denúncia e essa vítima vai ter a possibilidade de ter um processo de violência contra a mulher aberto”, destaca.
O combate à violência contra a mulher e a redução no número alarmante de feminicídios no país são desafios que exigem a participação de toda a sociedade. Por isso, a especialista salienta que é fundamental que todas as vítimas denunciem os casos de violência e busquem informações sobre os serviços de apoio às mulheres que sofrem agressões.
“Através do laudo pericial, a vítima tem acesso a proteção, com direito a medidas protetivas, entre outras coisas que podem ajudá-la a sobreviver nesse cenário. Quero deixar também um apelo aos profissionais de saúde, que não deixem de registrar no prontuário médico, tudo que a mulher vítima de violência relatar, detalhando as lesões que diagnosticarem, uma vez que esses documentos podem ser utilizados depois como provas indiretas, caso a denúncia seja feita em outro momento. Então, contamos com todos os profissionais de saúde para ajudar no combate à violência contra a mulher”, finaliza Gabriela Graça.
O número nacional para denúncias da Central de Atendimento à Mulher é o 180. Não deixe que o medo cale a sua voz, pois o aumento de casos de feminicídio no Brasil traz esse alerta às vítimas, para que denunciem seus agressores, antes que entrem também para essa triste estatística nacional de feminicídio.