Bisneta do construtor do Cristo Redentor, Izabel Noronha, lança livro sobre o monumento na Casa de Petrópolis

Bisneta de Heitor da Silva Costa, criador e construtor do Cristo Redentor, Izabel Noronha, estará na Casa de Petrópolis Instituto de Cultura, no próximo sábado (18.03) para o lançamento da obra “O Cristo do Rio: A reconstrução de uma história”. Nesta edição dos Encontros das Palavras, a autora vai falar sobre o material que se debruçou desde 2002, reunindo manuscritos, documentos, matérias de jornais, anotações e fotografias. O evento tem entrada gratuita.

Izabel é produtora, pesquisadora, fotógrafa e documentarista. Durante o Encontro, ela vai conversar com o arquiteto e professor da PUC-Rio e da USU, com João Calafate; com a psicopedagoga e diretora do Pro-Saber Maria Cecilia Almeida e Silva e a arquiteta, mestre em preservação do patrimônio cultural e professora da UCP, Erika Machado.

“Exatamente 20 anos desde que toda essa história entrou em minha vida, sinto que consegui fechar este ciclo tão gigante. Agora, quando alguém precisar, poderá recorrer a um repositório com o que existe de mais relevante sobre o tema para pesquisas, consultas e verificações. Descobri a importância de honrar e agradecer aos nossos ancestrais”, conta Izabel, sobre o resultado da obra.

Uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno, Patrimônio da Humanidade pela Unesco, o monumento pesa cerca de 1.200 toneladas e foi construído a 700 metros de altura em terreno exíguo, de cerca de 15 x 15 metros, no último platô e com 38 metros de altura, sujeito a intempéries intensas, como ventos que podem chegar a 140 quilômetros por hora. O Redentor é muito mais do que um cartão postal do Rio de Janeiro, tanto que os visitantes não dispensam o passeio de trenzinho até os seus pés.

Ao longo de 272 páginas e cerca de 200 fotografias (de rascunhos arquitetônicos, detalhes do monumento, da obra em curso, de personagens envolvidos, reproduções da imprensa da época e de discursos de Heitor da Silva Costa, entre outras), os conteúdos estão apresentados em nova configuração, numa montagem que prima pelos temas correlacionados, o que pode acarretar, para os que optarem pela leitura linear, um ir e vir de datas e até de informações e eventos. Por outro lado, permitirá que seja consultado de forma independente, sem que se perca a linha condutora de seu teor.

“Estou certo de que não erra quem disser achar-se no Corcovado o maior monumento de arquitetura da época; maior pelas dificuldades técnicas resolvidas, pelo método de construção empregado, pelas inovações artísticas que oferece e por sua significação moral e religiosa”,  escreveu Heitor, em matéria publicada no número especial da revista O Cruzeiro, de 10 outubro de 1931, ciente da grandeza do seu feito, realizado a muitas mãos com dezenas de colaboradores, entre eles os dois franceses que, por muitos anos, levaram a fama de terem feito o Cristo como um presente a ser dado pelo seu país aos brasileiros.

Esses escritos fazem parte de quatro livros, textos redigidos e entrevistas concedidas por Heitor da Silva Costa, antes, durante e depois de concluída aquela que seria a obra maior de sua vida, um trabalho hercúleo que durou dez anos de total empenho e dedicação. O livro é, portanto, recheado de material retirado de fonte primária, jamais publicado de forma extensiva em nenhum outro trabalho de sua descendente.

Izabel Noronha incluiu neste livro algumas falas retiradas dos documentários “Christo Redemptor” e “De Braços Abertos”, dirigidos por ela e nos quais os depoentes comentam as suas impressões, memórias, experiências ou vivências relativas ao monumento, buscando, com isso, dar mais vida ao conteúdo do livro.

“O Cristo do Rio: A reconstrução de uma história” foi realizado com patrocínio do Grupo Bradesco Seguros, do Grupo Lachmann, da Secretaria Especial da Cultura e do Ministério do Turismo, através da Lei de Incentivo à Cultura, e contou com apoio do Instituto Moreira Salles.

Cristo custaria mais de R$ 23 milhões se fosse construído hoje

Entre as curiosidades que o volume traz, consta o quanto se gastaria na construção do Cristo Redentor, exatamente como ele é, nos dias atuais. Para chegar neste número, os economistas Afonso Arinos de Mello Franco Neto e André Arruda Villela, professores da EPGE/FGV, consideraram a taxa de câmbio de 1926, ano intermediário entre o período das obras, realizadas de 1922 a 1930. O valor ficaria em US$ 4,56 milhões – ou, aproximadamente, R$ 23,3 milhões pela taxa de câmbio atual.

Sobre os Encontros

Essa iniciativa integra a programação do projeto “A Casa é sua! – Encontros da Casa de Petrópolis” e tem o apoio do Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do edital Retomada Cultural 2. Participam desta edição, além de Izabel Noronha:

Maria Cecilia Almeida e Silva é Pedagoga e Mestre em Educação pela PUC-Rio. É diretora do Centro de Estudos Psicopedagógicos Pró-Saber e do Instituto Superior de Educação Pró-Saber. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Psicopedagogia, atuando principalmente nos seguintes temas: estruturas do conhecimento, eu cognoscente, infância, arte e pensamento.

Erika Machado émestre em Preservação do Patrimônio Cultural PEP/MP – IPHAN. Doutoranda do Programa de Pós-graduação de Arquitetura e Urbanismo – PPGAU da UFF. Atualmente, é professora e coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo e Diretora do Centro de Engenharia e Computação da UCP. Líder do Grupo de Pesquisa Conforto, Patrimônio Habitação e Paisagem. Atua principalmente nos temas: projetos, consultorias e ações de preservação de patrimônio cultural, atividades de educação patrimonial e docência.

João Calafate possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Santa Úrsula (1982). Atualmente é diretor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Santa Úrsula e professor da PUC-Rio. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Revitalização Arquitetônica. É sócio do escritório de arquitetura Fabrica Arquitetura Ltda.

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