Casa de Petrópolis debate migração e recebe refugiado do Marrocos para depoimento sobre vinda para o Brasil

 O ano era 2017 quando Mohamed Amine precisou deixar o Marrocos após ser proibido de exercer o trabalho humanitário que fazia pelo país. De lá, veio para o Brasil, país que não precisava de visto para a sua entrada e, aqui, é um refugiado que trabalha como professor de francês. Como Mohamed, o Brasil possui cerca de 60 mil pessoas reconhecidas como refugiadas, segundo o Ministério da Justiça. E o tema será discutido neste sábado (02.07) na Casa de Petrópolis Instituto de Cultura, a partir das 18h, com entrada gratuita. 

‘Diálogos sobre migração – uma perspectiva histórica e contemporânea’ é o tema do bate-papo entre a historiadora e diretora da Casa, Rachel Wider e Melissa Rossi, pesquisadora de Oriente Médio no Núcleo de Avaliação da Conjuntura. O encontro vai contar ainda com a presença de Mohamed, que dará seu depoimento sobre a vinda para o Brasil e falará sobre “O outro humanitarismo”, pesquisa que realiza como mestrando do curso de ciências humanas da UFF. 

“Esse bate-papo é muito relevante principalmente neste momento em que Petrópolis comemora a migração dos colonos alemães e o Ministério da Justiça acaba de lançar a sétima edição do relatório “Refúgio em Números” em ocasião do Dia Mundial do Refugiado, lembrado no último dia 20. E falar sobre migração e refúgio são temas estritamente relacionados e que devem ser debatidos sob diversas perspectivas”, explica Rachel. 

Refugiados são pessoas que se encontram fora de seus países de origem por causa de temores fundados de perseguição, baseada em motivos políticos, religiosos, raciais, devido à sua nacionalidade ou ao seu grupo social e que não podem se valer da proteção do país de origem. Pode ser aplicado também a pessoas que fogem de seus países onde há conflitos e violações generalizadas de direitos humanos.

Desde 1985, o Brasil reconheceu cerca de 60 mil pessoas como refugiadas, a maioria delas (48.789) proveniente da Venezuela – seguido por pessoas da Síria (3.667), República Democrática do Congo (1.448) e Angola (1.363). Nesta população, cerca de 90% são pessoas entre 18 e 45 anos de idade. E, apenas em 2021, foram confirmados 3.086 pedidos de reconhecimento da condição de refugiados, sendo que pessoas da Venezuela e de Cuba foram as que mais obtiveram esta confirmação. Do total de casos confirmados em 2021, 50,4% deles foram feitos por crianças e adolescentes na faixa etária de 5 a 14 anos.

Somente no ano passado, 29.107 pessoas solicitaram o reconhecimento da condição de refugiado no Brasil, provenientes de 117 países, sendo a maior parte venezuelanos (78,5%), angolanos (6,7%) e haitianos (2,7%). Além disso, o Comitê Nacional para Refugiados) proferiu 70.933 decisões em 2021, número considerado como o maior volume da década.

O relatório “Tendências Globais”, publicação estatística anual do ACNUR, traz, ainda, outro dado que chama atenção: em 2021, o número de pessoas deslocadas por guerras, violência, perseguições e abusos de direitos humanos chegou a 89,3 milhões – um crescimento de 8% em relação ao ano anterior e bem mais que o dobro verificado há 10 anos.

A Casa de Petrópolis fica na Avenida Ipiranga, 716 – Centro Histórico. O local conta com estacionamento rotativo.

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