Os 180 anos de Petrópolis serão comemorados com entrada gratuita para os moradores da cidade na Casa de Petrópolis Instituto de Cultura. Importante patrimônio do município, o espaço estará com as portas abertas das 10h às 16h com a exposição “Luiz Aquila na Casa de Petrópolis – 80 anos do Artista”. Para garantir a entrada, basta levar um comprovante de residência e se dirigir à bilheteria do local.
A Casa faz parte do imaginário do petropolitano. Cenário de novelas como Era Uma Vez, Esplendor e Direito de Amar, tem em sua construção um dos maiores trunfos, que além de entreter pela assimetria, encanta pela beleza. Também é cercada de lendas e histórias, todas desmistificadas, mas que marcam a história da cidade.
Denominada atualmente como Casa de Petrópolis, o imóvel já recebeu inúmeras nomenclaturas, seja oficialmente ou aquelas batizadas pela cultura popular. Mansão Tavares Guerra, Casa da Ipiranga, Casa dos Sete Erros e até Casa Mal Assombrada. A origem deste último nome também é curiosa e remete a um membro da família: a Maria Lysia Tavares Guerra, filha mais nova de José Tavares Guerra.
Os mitos
Responsável pela casa ter sido preservada em seu estilo original, a tia Loca, como era chamada, foi a última a viver no local, e trancava os salões principais, sem deixar que ninguém, nem mesmo os membros da família, entrassem. Ela faleceu em 1981 e, por ter feito voto de castidade, dedicou sua vida aos sobrinhos e à Casa.
Esse mito surgiu porque muita gente que passava em frente à Casa entre as décadas de 1960 e 1980, jurava ter visto o fantasma de uma mulher segurando uma vela no segundo andar. A mulher, de fato, estava lá: a tia Loca, mas estava vivíssima.
Uma outra história perpetuada na cidade é sobre os sete erros da casa – este responsável até por batizar, informalmente, o espaço de “Casa dos 7 Erros”. Mas esse nome surgiu por acaso, fruto de uma brincadeira que os condutores das antigas Vitórias faziam com os turistas ao passar pela casa. Devido às proporções assimétricas da fachada, a proposta era desvendar quais as diferenças existiam entre cada um deles.
Mas é que o imóvel foi projetado pelo engenheiro alemão Karl Spangenberger, um chalé eclético em estilo vitoriano. A construção feita em cal e tijolos exibe fachadas em três pavimentos e porão alto. Sua cobertura de telhas e com inclinação dupla apresenta janelas de lucarna nas fachadas principal e laterais e é ornamentada com cresteria e outros elementos decorativos como pináculos metálicos pontuando as quinas do telhado. O uso extensivo de detalhes arquitetônicos em madeira como balcões, marquises e beirais conferem ao chalé atributos característicos da casa de campo romântica.
Já no segundo e terceiro pavimentos, as janelas duplas são acompanhadas de balcão com tipologias diferenciadas. No primeiro torreão direito apresenta janela tripla proeminente. O estreito corpo central, que se constitui somente até o segundo pavimento, abriga no térreo o pórtico principal elevado por escadaria de laço único. Já o arco da entrada é sustentado por colunas compósitas e confere um toque clássico à fachada.
O Jardim
Atração a parte, o belíssimo jardim foi projetado pelo botânico Auguste Glaziou, o mesmo responsável pela reforma dos jardins da Quinta da Boa Vista e da residência do Barão de Nova Friburgo, por exemplo, sendo o único no Brasil que se conserva em estado original. O espaço está liberado para o público aproveitar, seja para relaxar, ler um livro ou contemplar a Casa.
Além disso, é possível percorrer uma pequena trilha, de 116 metros de extensão. No trajeto, podem ser vistas espécies nativas da Mata Atlântica, com árvores centenárias cujo tamanhos monumentais se tornam um atrativo à parte. Ela está localizada ao lado direito de quem olha para a fachada do imóvel e foi encomendada no século 19 pelo proprietário original, José Tavares Guerra.
Nela, o visitante pode apreciar também espécies de orquídeas, bromélias, samambaias, e uma diversidade de pássaros e aves, como jacutingas, sabiás, saracuras, canários, bem-te-vis, sanhaços, e outros animais como esquilos e macacos.
A Casa fica na Rua da Ipiranga, 716 – Centro Histórico, e possui estacionamento rotativo no local. Para quem mora fora da cidade os ingressos custarão R$ 16 a inteira e R$ 8 a meia entrada.
“Luiz Aquila na Casa de Petrópolis – 80 anos do Artista”
Além de conferir a Casa, quem aproveitar a data para visitar o local poderá apreciar a exposição “Luiz Aquila na Casa de Petrópolis – 80 anos do Artista”. Na mostra, que comemora as oito décadas de um dos mais renomados artistas contemporâneos, são exibidas cinco telas verticais, feitas em duas etapas e datadas de 2013, que juntas formam uma “quase” instalação. Na sala dourada do casarão, estão a obra “triângulo vermelho”, de 1992.
“Luiz Aquila na Casa de Petrópolis – 80 anos do artista” é uma realização da Casa de Petrópolis, em parceria com a Galeria Patrícia Costa, e tem o texto de apresentação de Alice Granato, produção de Lilia Monteiro, montagem de Gregório Pontes, e design gráfico de Claudio Partes. Tem apoio do Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do edital Retomada Cultural 2.