Considerado como uma doença crônica causada pela dependência da nicotina, o tabagismo é tido pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) como o maior fator de risco evitável de adoecimento e morte. Neste 31 de maio é lembrado o Dia Mundial sem Tabaco, que tem como objetivo conscientizar a população sobre os riscos que o cigarro representa para a saúde.
No Brasil, a estimativa é que 150 mil pessoas morram por ano devido ao tabagismo. “O tabaco contém inúmeras substâncias tóxicas, entre elas carcinogênicos, que são capazes de desenvolver o câncer através de danos celulares”, explica Renato Macario Ferreira, médico oncologista do Centro de Terapia Oncológica (CTO) de Petrópolis.
Entre os tipos de cânceres que podem ser causados pelo cigarro, Renato aponta os de pulmão, boca e pescoço, esôfago, laringe, pâncreas, fígado, colo do útero, traqueia, bexiga, rim e ureter, além de leucemia mieloide aguda.
O especialista explica que além do cigarro comum, também representam riscos graves à saúde, o cigarro eletrônico e a maconha. “Todo e qualquer contato com o tabaco e seus inúmeros produtos podem levar ao câncer, independente da forma de uso. Ressalto que a venda de cigarro eletrônico é proibida no Brasil e é capaz de causar mais cânceres que o cigarro comum. Alertamos que outra droga que também causa câncer é a maconha”, afirma.
Outro dado importante apontado pelo especialista é de que o tabagismo passivo, ou seja, as pessoas que convivem com fumantes podem desenvolver as mesmas doenças. O tabagismo provoca ainda enfisema pulmonar, infecções respiratórias, úlcera gastrointestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, catarata, doenças cardiovasculares incluindo ataques cardíacos, doenças arteriais e venosas dos membros.
Limitações e desafios
Fisioterapeuta do CTO, Renata Pacheco diz que o tabagismo provoca também uma série de limitações aos pacientes. Uma delas é que os fumantes têm mais dificuldades de incluir a atividade física na rotina que, segundo ela, é importante em todas as fases do tratamento oncológico.
“Os pacientes com câncer que são ex-fumantes ou que ainda são fumantes apresentam a capacidade pulmonar diminuída o que leva à intolerância ao exercício e, como consequência, afeta negativamente a sua capacidade aeróbia diminuindo a sua atividade física global”, explica.
Segundo a fisioterapeuta, os exercícios físicos são importantes aliados porque aumentam a força muscular e a capacidade funcional, assim como também ajudam no controle do peso, reduzem os sintomas de fadiga e dor, melhoram a autoestima, atenuam sintomas e efeitos adversos relacionados ao tratamento oncológico e, acima de tudo, aumentam a sobrevida e a qualidade de vida do paciente com câncer.
Renata conta ainda que muitos pacientes continuam fumando mesmo durante o tratamento o que pode levá-los a desenvolver doenças respiratórias ou agravar quadros já existentes. Além disso, ela ressalta que eleva o risco de infecções respiratórias, como a pneumonia, já que existe uma queda da imunidade nesse período de tratamento e fragilização do sistema respiratório por parte do tabagismo.
“Os fumantes têm problemas na cicatrização cirúrgica e, consequentemente, tendem a ter um pós-operatório mais lento e difícil. Durante a radioterapia, o tabagismo prejudica a recuperação dos tecidos sadios afetados e no processo de cicatrização, fazendo com que o paciente demore mais a melhorar após o tratamento”, conclui.