Uma agenda com reuniões periódicas, o plano desobstrução de redes, o contato mais estreito com as empresas novas e as em expansão e a resolução de demandas pontuais apresentadas. Este é o resultado da primeira reunião de trabalho entre representantes do movimento empresarial Petrópolis 2030 e o time técnico e operacional da Enel, concessionária de energia, nesta sexta-feira (16), no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). O encontro é derivado de uma primeira reunião, em maio, com o secretário estadual de Óleo, Gás e Energia, Hugo Leal, realizada para avançar em demandas reprimidas apresentadas pelos empresários. Melhor fornecimento de energia elétrica, expansão da distribuição e novos pontos de ligação com capacidade adequada foram identificados pelo movimento empresarial como condicionantes para o desenvolvimento econômico de Petrópolis.
A Enel compareceu ao encontro com um time de sete gerentes de diversas áreas capitaneados por Patrícia Sá, da gerência de Governo e Grandes Clientes da concessionária. A reunião foi acompanhada ainda por Flávio Amieiro, chefe de Gabinete de Hugo Leal, além de integrantes da secretaria como Sergio Coelho, da superintendência de Energias Limpas.
“É um passo concreto e objetivo ter essa aproximação e poder falar pontualmente das demandas. Depois, seguiremos para uma segunda fase que é debater, com a intenção de ampliar, os investimentos da previstos pela Enel para Petrópolis”, aponta o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas, Cláudio Mohammad, entidade que provocou o surgimento do movimento empresarial Petrópolis 2030.
A demanda por novas ligações, investimentos e um plano permanente de manutenção das redes é uma das 20 propostas elencadas pelo movimento empresarial Petrópolis 2030 que busca obras, projetos e programas estruturais para alavancar o desenvolvimento da cidade em sete anos. O movimento tem a adesão de 24 entidades que representam a força econômica da cidade no turismo, tecnologia, construção civil, alimentação e tantos outros segmentos.
A concessionária assinalou que prevê melhoria no fluxo de novos pedidos de geração distribuída – que aumentou em 25 vezes nos últimos meses – a partir de julho. Todos os casos apresentados na reunião desta sexta-feira terão uma resposta da Enel que irá apresentar em novo encontro as resolutivas de todos os pedidos e ainda mostrar cronograma de poda preventiva de vegetação sobre as fiações, um dos problemas específicos de Petrópolis.
“Somos aqui hoje três importantes setores da empresa e queremos dar a resolutiva dessas demandas e estreitar relacionamento. Além da previsão de melhoria no fluxo no próximo mês, estamos há 45 dias com uma nova ‘esteira’ de processos e essa mudança vai começar a ser verificada no dia a dia”, destacou Patrícia Sá.
O vice-presidente da representação regional serrana da Firjan, Valter Zanacoli e o presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau, Samir el Ghaoui, defenderam seus segmentos. “A falta de informações, de retorno, para as empresas precisa ser sanada e acredito que hoje estamos no caminho”, pontuou Zanacoli. “Um protocolo que normatize esse relacionamento e que estreite um canal de comunicação é necessário”, cobrou Samir el Ghaoui.
Negócios de todos os setores esbarram no abastecimento de energia
Os casos apresentados incluem dificuldades para as áreas de Turismo e Tecnologia, duas das vocações da cidade em desenvolvimento. No primeiro, as incertezas do abastecimento regular em casos de chuva e outras intempéries e, no segundo, custo elevado para a ampliação com mais um bloco de construção, no SerraTec, polo tecnológico no Quitandinha.
“São casos gravíssimos porque entravam duas áreas importantes. Além desses há outros inúmeros como uma empresa que quer há anos se instalar no distrito industrial da Posse, mas esbarra no fornecimento de energia para a localidade e outra empresa em expansão que vem pagando aluguel de uma nova fábrica há meses, mas que, por não conseguir viabilizar o abastecimento elétrico, ainda não opera na nova filial. É essa soma de casos, aqui e ali que formam um bolo enorme de pendências que precisam ser solucionadas porque vem travando a cidade”, afirma Cláudio Mohammad.
Representando o Instituto Philppe Guédon, Marcelo Soares pontuou a necessidade de redução dos prazos da Enel para novas ligações e expansões. “São relatos no presente e situações em um passado recente de empresas de vários portes e setores como têxtil, construção civil e mercado varejo que fizeram uma via-crúcis para viabilizar os negócios e gerar empregos”.
Para o agricultor Rômulo Lopes de Barros, o segmento é ainda mais prejudicado. “Queremos mais presença e resolutividade com as demandas dos distritos e de regiões como o Caxambu onde estão localizados a maioria dos produtores diretamente afetados e com maior tempo em serem atendidos prejudicando o escoamento da produção”, pontuou. A NovAmosanta, instituição que representa moradores dos distritos concorda. “A atividade econômica é duramente afetada nestes locais”, pontua o presidente da instituição Carlos Alberto Pereira.
“O secretário Hugo Leal se mostrou muito sensível aos pleitos da cidade e o resultado é essa reunião produtiva, com os interlocutores que podem dar as soluções que Petrópolis precisa. A secretaria estadual de Óleo, Gás e Energia está acompanhando de perto esse processo que iniciamos hoje e isso nos dá a segurança para seguirmos adiante”, pontua Cláudio Mohammad.
Durante o evento, ficou acordado que na próxima reunião com a Enel, em junho, serão apresentados todos os projetos atualmente enfrentando dificuldades de execução devido aos trâmites burocráticos da empresa. Nesse primeiro momento, será estabelecida uma força-tarefa com o objetivo de agilizar esses processos. Em seguida, será exigido que a empresa invista efetivamente no abastecimento de energia elétrica para a cidade nos próximos anos.
“A previsão de investimentos para 2023 em Petrópolis, apresentada pela empresa é de R$ 18 milhões. Mas, são 140 mil ligações entre clientes residenciais e empresariais. A cidade tem R$ 12,8 bilhões de PIB, um dos maiores do estado e esse aporte não condiz com que a cidade precisa para se expandir”, afirma Cláudio Mohammad.