Finanças: Como a reeducação financeira pode trazer mais tranquilidade ao bolso do consumidor

As despesas no início do ano tendem a ser maiores por conta dos gastos com os impostos, materiais e matrículas escolares. Mas não param por aí, não. Ainda tem o susto do cartão de crédito cobrando as compras de Natal. Por isso, é essencial se organizar para não passar aperto. Dessa forma, a reeducação financeira é essencial para viver com tranquilidade e um pouco de conforto.

Os impostos no Brasil estão entre os maiores do mundo, numa carga média de 40%, sendo que, essa taxa varia entre impostos estaduais e federais. Com relação aos tributos de início de ano, o coordenador do curso de administração da Estácio Petrópolis, Jorge Maroun, sugere que o pagamento não seja adiado por conta de depreciação de bens que possam ser vendidos e até mesmo da possibilidade do nome ir para dívida ativa.

“Não gosto de parcelamentos, mas quando a parcela cabe no bolso é o melhor a fazer em impostos como o IPTU, em que a Prefeitura parcela até o fim do ano, ou quando não é cobrada uma taxa de juros muito alta e a pessoa pode ir pagando de duas em duas parcelas. É melhor quitar e acabar rápido do que tentar pagar um valor que, por mês, vai pesar e não irá conseguir pagar e ainda terá que renegociar”, aponta.

Para não se enrolar com as taxas de juros logo no início do ano, Jorge salienta que as contas que têm os juros mais altos devem ser pagas primeiro, mas não é o que vem sendo feito pela maioria. Segundo ele, a pesquisa de hábitos do consumidor mostrou a que a conta que vem sendo paga com prioridade é a do celular. Ele destaca que a primeira dívida a ser quitada deve ser a do cartão de crédito para evitar os juros.

Mudança de comportamento – Como fugir de uma “bola de neve” 

Juntar, poupar, guardar, economizar são palavras que podem soar estranho no início da reeducação financeira. No entanto, o professor Jorge Maroun ensina que reservar parte do salário é essencial. Ele sugere que seja sempre guardado entre 10% e 20% do recebimento mensal.

“Deve virar um hábito pagar a si primeiro. Guardar esse dinheiro em um cantinho no banco vai dar condições de ter uma reserva no caso de uma situação emergencial ou mesmo para aproveitar um desconto de imposto ou taxa. Quem não faz isso, com a média do salário que o brasileiro recebe, não vai conseguir quitar todas as despesas e vai se enrolar”, aponta.

A reeducação financeira pode ser feita de algumas maneiras. Jorge explica que uma delas é planejar o orçamento.

“Não é difícil fazer essas contas. Hoje existem aplicativos que basta lançar os valores, porém não existe esse hábito, porque muitos sabem que estão endividados e ‘não olhar o tamanho do buraco’ já é um mecanismo de proteção”, diz.

Outra coisa é participar de cursos, ler sobre o tema e estudar o dinheiro. Para isso, há muitos livros, sites e palestras. Segundo Jorge, a pessoa tem que aprender como o dinheiro funciona, assim como aprendeu todas as outras coisas da vida. Por fim, criar algumas regras como pagar para si um valor  ‘X’ por mês e evitar a contratação de juros muito altos como o cartão de crédito.

Os pontos citados pelo professor fazem parte de uma reeducação que vai proporcionar uma vida financeira mais tranquila e confortável, mas para isso a primeira mudança que o consumidor deve ter em mente no ato da compra é a necessidade.

“Isso não quer dizer que só se pode comprar comida e pagar água e luz. Mas também as coisas que são de desejo. Também tem que ter um pouco de lazer, só que é preciso dar prioridades. Se o dinheiro cabe comprar quatro coisas, tem que decidir o que vai deixar para o outro mês”, esclarece.

Jorge ressalta que a contratação de empréstimos deve ser evitada sempre. Ele explica que essa é a forma mais comum das contas virarem uma bola de neve. “Se não está aguentando pagar as contas do mês e pega o empréstimo, significa que no outro mês vai ter as mesmas contas de novo e mais a parcela do empréstimo. Essa situação pode se repetir e é assim que uma pessoa fica devendo muito dinheiro sem saber o por que. Tem que eliminar a despesa. Terminar de pagar uma prestação e evitar fazer outra para que aquele valor fique aliviado para juntar”, afirma.

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