Com mais de 85 mil visitantes desde sua inauguração, a exposição “Coragem e Fé: A Colonização Germânica de Petrópolis” tem despertado a curiosidade e o interesse de turistas brasileiros e estrangeiros, além de estudantes e moradores da cidade. Instalado na Casa da Princesa Isabel, no Centro de Petrópolis, o projeto é assinado pelos artistas Lorena, Valéria, Sérgio e Henriqueta Bortolotti, membros de uma família petropolitana que se dedica à preservação e valorização da história do município.
O trabalho, que levou uma década para ser concluído, dentre pesquisa, elaboração e execução, reúne mais de 40 esculturas em miniaturas, tamanho natural e em grandes proporções, todas elas confeccionadas em papel machê, cujas origens remontam à China e cuja técnica surpreende pela riqueza de detalhes. Entre as peças que mais chamam atenção do público, segundo os artistas, estão as representações do “Menino Vendedor de Caqui”, da Princesa Isabel e de D. Pedro II.
“Uma das reações mais frequentes é o encantamento ao descobrir que as esculturas são feitas de papel. Além disso, muitos visitantes se emocionam com as histórias que contamos durante as visitas guiadas. Recentemente, um menino de 11 anos nos disse, chorando, que foi o passeio mais incrível que ele fez na cidade”, conta a artista Lorena Bortolotti.
Nos últimos meses, a exposição também tem atraído um público diversificado, com destaque para turistas de várias partes do Brasil. “Durante esses dois anos verificamos a visitação de turistas de diferentes estados do Brasil e de fora, além de estudantes e profissionais interessados nas técnicas e materiais utilizados nas esculturas”, observa Lorena, apontando o aumento nos agendamentos de grupos escolares: “A maior parte do nosso público ainda é de turistas brasileiros, e houve um crescimento expressivo de escolas do Rio de Janeiro, Minas Gerais e cidades vizinhas.”
A mostra tem atraído não apenas brasileiros, mas também visitantes de países como Alemanha, França, Itália e Estados Unidos, dentre outros, especialmente após a inclusão, no último ano, de QR codes com informações em inglês.
Para Sérgio Bortolotti, o diálogo entre os visitantes e a exposição se dá por meio da história que Petrópolis carrega e das figuras conhecidas retratadas na mostra. “A cidade em si desperta o interesse, e muitos visitantes são descendentes de colonos alemães. Isso torna a experiência ainda mais significativa para eles”, explica.
Já Valéria Bortolotti acredita que o impacto da exposição junto ao público está na escolha do papel como matéria-prima para a confecção das esculturas. “As diversas técnicas utilizadas, como a do papel machê, só demonstram a versatilidade desse material, que oferece uma variedade visual e tátil que, além de surpreender, encanta os visitantes. Essa conexão imediata com o público se dá justamente por ser um material simples, de uso cotidiano”, pontua, comentando sobre a curiosidade do público: “A complexidade e delicadeza das obras apresentadas podem desafiar a percepção do público sobre esse material como sendo frágil, demonstrando suas possibilidades infinitas, além da habilidade técnica empregada na elaboração das mesmas. Essa diversidade estética é um atrativo que gera curiosidade, além dessa abordagem artística levantar questões sobre sustentabilidade e consumo consciente.”
Para Henriqueta Bortolotti, o apoio da Família Imperial foi fundamental para o sucesso do projeto. “A oportunidade que nos deram de poder ter a exposição instalada na Casa da Princesa Isabel, sem dúvida nenhuma, agregou grande valor à proposta. Foi o que deu visibilidade a ela. A casa histórica, naturalmente, já atrai o público. Um detalhe importante é que ela conversa com a proposta apresentada — estamos contando a história da formação de Petrópolis e tanto a casa quanto seus ilustres moradores fizeram parte desse processo. Isso enriquece muito a visita e é um diferencial”, explica, fazendo referência à parte da família que mora na casa.
De acordo com Valéria Bortolotti, um dos objetivos da exposição é seguir ampliando o acervo e explorando diferentes recortes históricos. “Nossa proposta é continuar elaborando e apresentando outros aspectos ou recortes relacionados à história da cidade. A ideia é aumentar o acervo. No momento, já estamos na fase final de confecção de mais duas peças para serem agregadas à mostra”, conclui.
A exposição “Coragem e Fé” conta com o apoio da Família Imperial, tendo sido reconhecida em 2022 com o Prêmio Nair de Tefé, concedido pela Academia Petropolitana de Letras, e está aberta aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h, com ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Durante a semana, visitas em grupo podem ser agendadas pelo WhatsApp (24) 98807-6057.