Prossegue combate a incêndio florestal na Serra dos Órgãos

Petrópolis (RJ) - Incêndio no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Divulgação/Parnaso)

Por Cristina Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

O combate ao incêndio no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso), na Região Serrana do Rio de Janeiro está restrito ao bairro do Bonfim, na divisa dos municípios de Petrópolis e Teresópolis. Ainda há focos e o trabalho na parte alta só pode ser feito por meio de helicóptero. Já na parte baixa da montanha, segundo o Comandante de Bombeiros de Área da Região Serrana (CBA II), coronel Rafael Simão, a ação é manual. 

“É muito inclinado. É um paredão e a gente só consegue extinguir com lançamento de água. Nós conseguimos lançar 800 litros de água”, disse.

A expectativa do coronel, no entanto, é que o trabalho na área do Bonfim seja concluído ainda nesta sexta-feira (7). “Acredito que ainda hoje vamos concluir o trabalho nos focos ativos e ficar só no rescaldo”.

Hoje (7) é o quarto dia consecutivo que o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) atua no combate ao incêndio florestal de grandes proporções no Parnaso, que tem 20.024 hectares protegidos nos municípios de Teresópolis, Petrópolis, Magé e Guapimirim, na região serrana do Rio. 

Segundo o ICMBio, o fogo foi detectado na manhã da terça-feira (4) na parte alta do parque, na trilha da travessia Petrópolis/Teresópolis, na área do Chapadão, próximo da Pedra do Morro do Açu.

“O parque é mundialmente conhecido e com características especiais. A grande dificuldade para os bombeiros é a altitude. Os locais que pegaram fogo são localizados em áreas de difícil acesso. São formações rochosas e de vegetação de campos de altitude. E normalmente, quando pega fogo, ele se alastra. É um fogo difícil de ser extinto, porque a gente não consegue empregar viaturas de água, não é possível chegar com elas lá. Nós só conseguimos chegar através de horas de caminhada com equipamento pesado ou com lançamento de tropas por aeronave”, explicou o coronel Rafael Simão, acrescentando que o combate exige muita logística no emprego das equipes.

Cerca de 50 bombeiros ainda permanecem no parque para as ações de rescaldo que são realizadas manualmente com o uso de abafadores. Segundo o comandante, essa etapa é fundamental, principalmente porque parte da vegetação também tem uma espécie de óleo, que pode favorecer o surgimento de um novo foco. 

“É muito importante o trabalho de rescaldo. Você apagou o incêndio, mas se virar as costas pode voltar a pegar fogo de novo. A gente está há bastante dias sem chuva e tem a previsão de 10 a 11 dias ainda sem chuva. A preocupação é não deixar nenhuma fonte de calor. Como venta muito lá, esse vento ainda pode trazer mais oxigênio e fazer aquele ponto que estava adormecido voltar a pegar fogo de novo”, disse.

Segundo o coronel Rafael Simão, a situação se agrava porque as bromélias, tipo de vegetação desse local, queimam também em profundidade, a água atinge, mas não consegue penetrar e, por isso, é necessário fazer mais quantidade de lançamentos de água no mesmo lugar para evitar que voltem a pegar fogo. “É um trabalho complexo, de artesão praticamente. Precisa ficar muito tempo naquele foco para que o fogo seja extinto”, disse.

O fogo já foi extinto em outras áreas do parque e o rescaldo permanece no Açu, Ajax e Morro da Bandeira. Hoje (7), o trabalho na área de proteção ambiental está sendo feito por cerca de 60 profissionais, incluindo bombeiros e agentes de outros órgãos. A operação contra com o apoio de 14 viaturas e uma aeronave. Ainda não há informação sobre as causas do incêndio.

O coronel trabalha há 20 anos na Região Serrana e há dois anos comanda a CBA II. Não é a primeira vez nesse tempo que vê incêndios deste tipo, ainda que este tenha grandes proporções. 

O militar disse que sente tristeza ao ver o parque queimando, por saber que a recuperação não é fácil. “A gente tem vegetação e uma biota de altíssimo valor para a população brasileira e não só para quem mora na região. O parque tem valor incomensurável. Tem espécies em extinção que só existem naquele tipo de altitude. Essa área que foi perdida vai levar muito tempo para voltar a vegetação e jamais vai voltar como era antes. O prejuízo é inevitável”, disse.

Rafael Simão alerta a população para que evite soltar balão e faça queimadas nas suas propriedades. Em pleno combate ao fogo no Parnaso, equipes flagraram moradores queimando lixo em seus terrenos. 

“Nessa época do ano, muito seca, a vegetação tem pouca água e a facilidade de pegar fogo é muito grande. Então, a gente pede que não soltem balões, não provoquem incêndios, não façam queimadas e denunciem. A denúncia pode ser feita pelo 190 da Polícia Militar; do 193 do Corpo de Bombeiros. Pode ligar para a Polícia Civil pelo Disque Denúncia. É muito importante a população ajudar para que essas pessoas possam ser levadas à justiça”.

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