A Casa de Petrópolis Instituto de Cultura vai receber no próximo sábado (8), às 19h, uma masterclass com o museólogo, curador e crítico de arte, Pedro Xexéo, sobre os desenhos do brasileiro Henrique Alvim Corrêa em “Guerra dos Mundos”. Ele é considerado como o precursor das ilustrações de ficções científicas devido ao trabalho desenvolvido para a obra de H. G. Wells e que inspirou Steven Spielberg na superprodução do filme homônimo.
A masterclass será mediada por Luiz Aquila, diretor de arte e cultura da Casa de Petrópolis, que menciona o fato de que as criações de H.G. Wells e de Alvim Corrêa são quase que simultâneas à construção da Casa de Petrópolis, que abrigará o evento. A masterclass faz parte da programação dos Encontros Plásticos e a entrada é gratuita.
Pedro Xexéo, curador de duas exposições de Alvim Corrêa, vai abordar na masterclass o termo “realista do fantástico” que, segundo ele, é inspirado por uma frase de Joseph Conrad (1857-1924), escritor inglês de origem polonesa que era um grande admirador de Wells e suas histórias fantásticas, de ficção científica.
“Em carta à Wells em 1898, Joseph Conrad o chama de “Realista do Fantástico”, isto é, embora Wells descrevesse a história de um homem invisível ou a invasão da Inglaterra, por marcianos e suas naves, a narrativa era realista. As pessoas comuns agiam como pessoas normais e, excetuados os eventos fantásticos que não aconteciam na vida real, o resto da narrativa refletia a vida cotidiana dos ingleses. Alvim Corrêa é bastante fiel à narrativa de Wells”, afirma.
Os encontros plásticos da Casa de Petrópolis têm o apoio do Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do edital Retomada Cultural, e faz parte do projeto “A Casa é sua! Encontros da Casa de Petrópolis”. Também tem o apoio da Livraria Nobel e do CEFET UnedPetropolis.
Sobre Alvim Corrêa
Alvim Corrêa nasceu no Rio de Janeiro e viveu em Bruxelas, na Bélgica, tendo passado pela França onde iniciou seus estudos artísticos, em Paris. Reconhecido no mundo todo como o precursor da ilustração fantástica, seus 31 desenhos para a “Guerra dos Mundos” ilustraram a edição francesa do livro. E parece que até Alvim Corrêa desenvolver esses desenhos, ainda não se tinha uma ideia de como seria um marciano.
De acordo com Pedro Xexéo, em “A Guerra dos Mundos”, Alvim Corrêa recria as imagens das máquinas e das trípodes marcianas que haviam invadido a Inglaterra. “Os seres humanos que são representados, agem como nós, pessoas comuns, agimos em nossa vida cotidiana. O único elemento fantástico, extraterreno, é a ação das naves marcianas, que são originalmente representadas, criando um clima de terror”, acrescenta.
Sobre Pedro Xexéo
Pedro Martins Caldas Xexéo, é natural de Bagé, RS. Museólogo, Curador e Crítico da Arte. Iniciou sua atividade no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, MG, em 1972/1973. Ingressou como Conservador no Museu Nacional de Belas Artes, em 1974, onde desempenhou diversas funções: Coordenador Técnico e Diretor – Substituto, de 1978 a 2001, tendo sido Curador de Pintura Brasileira de 2001 até 2013, quando se aposentou.
Tem experiência nas áreas de Patrimônio e Crítica da Arte. Seu interesse na história da arte no Brasil fixa – se no século 19 e primeiras décadas do século 20, tendo publicado livros A Luz da Pintura no Brasil (Centro da Memória da Eletricidade no Brasil, 1994) e Missão Francesa (Sextante, 2003), além de ensaios em catálogos e periódicos especializados.
Realizou curadoria de exposições no Brasil e no exterior, envolvendo segmentos da arte brasileira oitocentista, moderna e contemporânea. Na última década tem se dedicado a projetos de preservação do patrimônio cultural e artístico brasileiro, realizando palestras e conferências sobre o assunto. É membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte/ABCA.