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Embrapa coleta bactérias e fungos com potencial econômico na Amazônia

Por Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Bactérias e fungos encontrados em rios da Amazônia podem apresentar potencial econômico e ser utilizados em setores como o agrícola, químico e até têxtil, é o que apontam pesquisas realizadas por cientistas da Embrapa em Manaus (AM). De acordo com a empresa, esses microorganismos, coletados em sedimentos dos rios, têm potencial biotecnológico com aplicações em processos industriais.

Este é o primeiro estudo em larga escala utilizando microrganismos cultiváveis e não cultiváveis presentes nos sedimentos da Bacia Amazônica. Para realizar a pesquisa, os pesquisadores percorreram aproximadamente 6.850 quilômetros (km) de rios amazônicos. A coleta foi feita a cada 50 km, em quatro rios da região: Madeira, Purus, Solimões e Juruá.

Após a coleta, o material é analisado no laboratório, onde passa por um processo de isolamento dos microrganismos cultiváveis e as extrações de DNA para estudos de metataxonomia e metagenômia funcional. De acordo com a Embrapa, a estimativa é que apenas 5% dos microrganismos sejam cultiváveis.

Em 2019, foi realizado o sequenciamento de nove genomas completos de fungos isolados da Amazônia com potencial biotecnológico, dos quais cinco são novas espécies. A meta para este ano é obter o genoma completo de mais de 60 bactérias já selecionadas.

“Esses genomas estão em análise para identificação das vias metabólicas relacionadas à produção de moléculas de interesse, principalmente de ação antimicrobiana, antiparasitária e anticâncer”, informou a Embrapa.

Entre as aplicações, estão o uso desses microorganismos ou de moléculas deles, em atividade antimicrobiana contra fitopatógenos de interesse agrícola. Eles estão sendo usados no controle de fitopatógenos para as culturas do guaranazeiro, fruteiras amazônicas (cupuaçu, cacau) e hortaliças, reduzindo o uso de agrotóxicos.

Também foram selecionados microrganismos que agem na produção de enzimas que têm aplicação em diversas indústrias, como no amaciamento de fibras de jeans e para a indústria de celulose e também para uso no bioetanol. Outras podem ser usadas na na produção de detergentes, indústria do couro e flavorizantes para alimentos.

“A futura aplicação desses resultados servirá ao desenvolvimento de bioprodutos com base na microbiota amazônica. Além disso, o trabalho tem importância científica, permitindo avanços nas áreas de biologia molecular, química e genômica aplicadas à microbiologia”, disse a Embrapa.

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