Um estudo realizado durante 4 anos por especialistas de vários países resultou em uma nova forma de diagnosticar a obesidade. As conclusões foram publicadas na revista “Lancet”, como recomendação para médicos do mundo inteiro. A mudança ocorreu no índice de massa corporal (IMC), uma fórmula matemática que divide o peso pela altura ao quadrado. Segundo essa métrica, um IMC acima de 30 indicava obesidade. No entanto, essa fórmula era muito criticada por especialistas. Agora, para ser feito o diagnóstico, o paciente deve ter o IMC acima de 25 e além disso, é necessária uma segunda medição corporal, como a circunferência do abdômen, por exemplo. Como explica a endocrinologista e professora da UNIFASE/FMP, Gisele Hart Ziehe.
“Esses novos critérios são extremamente importantes porque passaram a entender que existe uma condição chamada obesidade pré-clínica e obesidade clínica. A obesidade é uma doença crônica, assim como a hipertensão e o diabetes, e deve ser controlada, cronicamente tratada. O IMC é uma ferramenta que a gente usa, mas ela por si só não consegue definir. Por exemplo, um IMC de 30 de um halterofilista, pode ser puro músculo e um IMC de 30 de uma pessoa comum pode ser adiposidade, ou seja, células de gordura. Então é necessário que se faça um complemento. A medição da cintura é extremamente importante porque ela pode dizer quanto de gordura visceral está acumulado na região do abdômen. A medição da gordura abdominal é um indicador simples, não invasivo e que fala para nós muito da gordura visceral, quer dizer, aquela gordura que está entre os órgãos internos”, explicou a doutora.
O mês de março é marcado pelo Dia Mundial da Obesidade, a data visa conscientizar a população sobre os desafios e as estratégias para prevenir e tratar essa condição de saúde. A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, e está associada a diversas complicações, como doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, apneia do sono e certos tipos de câncer. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, 60,3% dos adultos brasileiros apresentavam excesso de peso, o que corresponde a aproximadamente 96 milhões de pessoas. Estudos recentes indicam que, mantidas as tendências atuais, quase metade dos adultos brasileiros (48%) poderá estar com obesidade até 2044, com outros 27% apresentando sobrepeso.
“Atualmente o contexto da obesidade é multifacetado. Nele está o contexto socioeconômico, como por exemplo a questão da segurança, por medo da violência as pessoas não estão ocupando mais os espaços públicos ao ar livre. Outro ponto, é o fácil acesso aos ultraprocessados, que nem deveriam ser chamados de alimento. A facilidade desses produtos e a escassez de tempo tornou o consumo desses produtos mais cômodo” alertou a endocrinologista.
A obesidade é um problema de saúde pública crescente, mas o combate a ela não deve se basear apenas em fórmulas genéricas ou dietas milagrosas vistas na internet. Cada pessoa é única e, por isso, o tratamento deve ser personalizado e conduzido por uma equipe multidisciplinar. Exemplo disso é o papel desempenhado pelo nutricionista no combate à obesidade, auxiliando na reeducação alimentar e na elaboração de planos nutricionais personalizados.
“O nutricionista tem uma atuação muito importante no combate a obesidade já que ele vai fazer a adequação dessa alimentação de modo a promover o emagrecimento e contribuir para o desenvolvimento de bons hábitos alimentares. Atualmente a internet pode ser uma ótima fonte de informações, mas a gente precisa saber de onde tirar. Então a melhor estratégia em relação ao emagrecimento é procurar um profissional sério. Nós vamos desenvolver um tratamento adequado e individualizado para cada pessoa, porque para obesidade não existe receita de bolo, destacou a nutricionista e coordenadora do Ambulatório de Obesidade da UNIFASE/FMP, Fernanda Muniz.
Ela pontuou ainda que uma perda de 10% do peso corporal já tem uma grande importância metabólica para o emagrecimento.
“Isso já ajuda a compensar condições metabólicas como redução da pressão arterial, melhor controle da glicose. Então a gente já consegue ver uma melhora no quadro clínico do paciente”, disse ela.
A prevenção da obesidade envolve a adoção de um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada e prática regular de atividades físicas. Para aqueles que já convivem com a condição, o tratamento deve ser multidisciplinar, incluindo acompanhamento médico, nutricional e, em alguns casos, o uso de medicamentos. No Ambulatório Escola da UNIFASE/FMP existe desde 2022, o Ambulatório de Obesidade que recebe pacientes com índice de massa corporal maior que 40kg/m2, com idade entre 20 e 59 anos.
“Nós recebemos pacientes de toda a rede de saúde do município e para ter acesso ao nosso serviço é necessário ter um encaminhamento médico ou de um nutricionista da rede de saúde de Petrópolis. O que diferencia o nosso tratamento nutricional, é que nós acompanhamos estes pacientes mensalmente, tornando mais próximo o vínculo e estimulando o paciente para que o tratamento tenha sucesso”, finaliza Fernanda.
O Ambulatório de Obesidade fica na rua Hyvio Naliato, 869 – Cascatinha. Mais informações pelo telefone: (24) 2017-9000.