Por Cristina Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, disse que o isolamento da população está mantido no estado. A declaração foi feita em coletiva no Palácio Guanabara, sede do executivo, após a reunião por meio digital com o presidente Jair Bolsonaro, que estava em Brasília, e com governadores da região Sudeste. Ele pediu que no momento as pessoas fiquem em casa e continuem seguindo as medidas restritivas de circulação, porque somente assim, os mais velhos serão preservados.
A orientação do governador contrasta com o pronunciamento feito ontem a noite pelo presidente Bolsonaro. Witzel ponderou, no entanto, que como foi magistrado, sempre pautado em opiniões de especialistas, não caberia a ele abrir respeitosamente a divergência. “A política é feita do diálogo de convergências e divergências. Nem sempre vamos convergir e o espaço democrático é para se ter o debate. Não convergi com aquilo que o presidente falou ontem e fui de forma respeitosa [à reunião digital] assim como espero ser tratado sempre, levando em consideração que aqui não tomamos decisões desarrazoadas”, afirmou.
“Espero que o presidente continue mantendo o diálogo e dando abertura para que os governadores falem de forma respeitosa aquilo que entendemos ser pertinentes. No momento não há espaço para abertura do confinamento e muito menos de afrouxamento das medidas que tomamos.”
Witzel descartou também na coletiva divergências entre o estado e o município do Rio de Janeiro. Como exemplo de cooperação, lembrou que a prefeitura da capital cedeu um terreno onde será instado pelo governo estadual, um hospital de campanha.
Na área de saúde reforçou a instalação de seis hospitais de campanha com capacidade para 1200 leitos. De acordo com o governador, conforme avaliações dos técnicos do estado e do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, após o dia 4 de abril, será possível fazer uma análise mais precisa do achatamento da curva de contaminação pelo coronavírus no estado e da capacidade de hospitalizar os que estiverem em situação mais grave. Witzel destacou que se houver necessidade, podem ocorrer alterações nas medidas adotadas, sem no entanto, revelar se o isolamento pode ser reduzido.
“Estou otimista com o trabalho que está sendo feito e peço mais uma vez a todo o povo fluminense: fique em casa, observe aquilo que estamos determinando, porque nós no dia 4 de abril teremos condição de avaliar melhor e de poder fazer ajustes na nossa atividade produtiva. Não queremos quebrar as empresas, não queremos o Brasil exterminar empregos, mas queremos preservar vidas. É muito difícil imaginar se amanhã tivermos que escolher quem vive e quem morre”, apontou.
Economia
Witzel disse que saiu otimista da conversa com o presidente da República, porque houve sinalizações do governo federal para propostas apresentadas por ele, como questões ligadas ao programa de recuperação fiscal do estado. Witzel disse esperar um apoio financeiro do governo federal para o enfrentamento ao coronavírus no Rio. “Saio otimista pela retomada do diálogo que de minha parte jamais cessou. Sempre busquei o diálogo com o presidente e saio otimista de ver que este diálogo retomou para o bem do Brasil e para o bem do estado do Rio de Janeiro”, disse.
O estado, segundo ele, atravessa momentos difíceis na parte econômica, com duas crises atuais que são a do petróleo e a decorrente das medidas restritivas de circulação da população. “O Rio de Janeiro já apresentava um deficit de R$ 10 bilhões. Somados à crise do petróleo e à decorrente das restrições de circulação chegam a R$ 20 bilhões”, completou.
O governador disse que manifestou a preocupação com esta situação ao ministro da Economia, Paulo Guedes, na reunião com o presidente Bolsonaro. Segundo Witzel, o ministro elogiou o governo do Rio por manter o compromisso com o leilão da distribuição de água e esgotamento sanitário da Cedae previsto para este ano. No encontro, o governador pediu a antecipação dos recursos que espera alcançar com o certame. “Em uma operação que nos permitisse ter fôlego para caminhar até o final do ano e poder retomar investimentos na nossa economia. Saio otimista porque o ministro Guedes sinalizou positivamente juntamente ao presidente Jair Bolsonaro”, contou.
“São medidas que tomaremos juntos. A união de todos para vencer a crise é fundamental”.
Mutirão
Ainda na coletiva Witzel anunciou a criação nos próximos dias do mutirão humanitário para atender a população em situação de pobreza extrema e de renda mais baixa. Inicialmente atenderá a 1 milhão de famílias com cestas básica. A logistica da distribuição que será feita com os municípios será divulgada em breve “Vamos priorizar as famílias que estejam em pobreza extrema. São famílias essencialmente chefiadas por mulheres que têm renda per capita de R$ 89 na pobreza extrema, de R$ 178 na pobreza e abaixo de meio salário-mínimo na baixa renda. Contemplaremos um milhão de famílias. Nesta primeira fase vamos atender as famílias da Baixada. Não esqueceremos e não deixaremos de atender o estado todo do Rio de Janeiro”, disse, acrescentando que também serão atendidas nesta primeira fase, as famílias da cidade do Rio de Janeiro e de São Gonçalo, na região metropolitana.
“É importante destacar que faremos isso com cautela e sem aglomerações, seguindo orientação da Organização Mundial da Saúde e dos especialistas, com estratégica parceria com os municípios e as instituições da sociedade civil.”
Witzel revelou que tem recebido “mensagens desesperadoras” de empresários fluminenses que estão sem uma luz no fim do túnel e acrescentou que junto com eles tem avaliado o tamanho da pandemia no estado ouvindo sempre os especialistas. Ele reconheceu que há dificuldades econômicas, mas acrescentou que algumas empresas ainda têm condições de ajudar os seus funcionários e aos que mais precisam. “Peço a todos união e que neste momento estejamos equilibrados para seguirmos a diante, vencendo as duas crises que se abateram sobre o nosso povo fluminense”.
Caminhoneiros
Se dirigindo aos caminhoneiros, disse que liberou o funcionamento das lojas de conveniência nos postos de combustíveis instalados em estradas, poque a categoria costuma utilizar esses locais para se alimentar.