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Mudanças climáticas serão tema de fórum permanente da UNIFASE/FMP

Chuvas torrenciais, altas temperaturas, fortes rajadas de vento, altos índices de umidade durante o ano todo. O clima em Petrópolis mudou, assim como em todo planeta. Se sentir calor no inverno era impossível há 30 anos, isso se tornou rotina atualmente. A mudança no clima foi o tema principal da 2ª Jornada da Virada Climática, promovida pelo Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto e a Faculdade Medicina de Petrópolis (UNIFASE/FMP), realizada nesta sexta-feira (23), que reuniu autoridades no assunto e contou com o depoimento do climatologista Carlos Nobre.

“Com a expansão de construções de moradias na cidade, estamos comprometendo a capa vegetal da cidade, ou seja, o clima em Petrópolis mudou e mudou há muito tempo. Precisamos discutir o tema para decidirmos para onde queremos ir e como queremos ir. Porque se a gente só lamentar o evento depois que ele acontece, a gente não vai poder fazer muita coisa”, sintetizou um dos coordenadores do evento, o médico e professor Paulo Sá, anunciando a criação de um fórum permanente para discussão das mudanças climáticas.

Presente na primeira edição da Jornada da Virada Climática da UNIFASE/FMP, o climatologista Carlos Nobre, que é uma das principais referências do assunto no país e no mundo, registrou participação nesta segunda edição em um vídeo no qual lembrou a ocorrência do desastre em 2022 e detalhou o fenômeno meteorológico incomum. “Não foi previsto por nenhum sistema meteorológico”, citou.

Professor e pesquisador do Departamento de Geografia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Andrews José de Lucena, afirmou que Petrópolis é uma cidade complexa. “Petrópolis é uma cidade altamente urbana em áreas de montanha e nas margens dos rios. Além disso, está localizada na borda de entrada da Região Metropolitana onde há temperaturas mais elevadas. O monitoramento constante das condições climáticas é fundamental para redução dos impactos”, alertou o pesquisador da UFRRJ, Andrews José de Lucena.

Pesquisadora do Laboratório de Climatologia e Análise Ambiental (LabCAA) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e Doutoranda em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Camila de Moraes Gomes Tavares chamou atenção para a negligência das leis ambientais no Brasil como um dos fatores responsáveis pelas tragédias e a necessidade de pesquisas sobre o assunto. “Petrópolis é carente em termos de pesquisa. Temos poucos trabalhos publicados sobre o clima. Podemos ser um grande exemplo para o Brasil e para o mundo. O que vamos esperar acontecer para começarmos a medir a temperatura na cidade? Ainda temos muita ausência de captação de dados”, apontou.

O cardiologista Gustavo Borges Barbirato lembrou que as mudanças climáticas impactam diretamente na saúde da população. “Há que se considerar que os efeitos são mais severos na população em situação de vulnerabilidade, já que este grupo não tem as mesmas condições que os demais de amenizar os efeitos do calor”, lembrou.

O público participante ficou envolvido com a temática e discutiu, junto com os especialistas, propostas para o Fórum Permanente. Rolf Dieringer, engenheiro agrônomo que há 40 anos monitora as chuvas na Região Serrana, considerou que “o maior desafio é unir ciência, corpo técnico e comunidade no trabalho em busca de soluções para reduzir os riscos e amenizar os impactos das mudanças climáticas nas cidades”. “Em 40 anos de medições, nunca tinha visto um cenário como o registrado em 2022, em Petrópolis”, finalizou.

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