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Rita Benneditto apresenta show Tecnomacumba no Quitandinha

O Centro Cultural Sesc Quitandinha receberá, nesta quinta-feira (17/10), o show Tecnomacumba, de Rita Benneditto. Essa será a primeira atração musical do programa público da exposição Dos Brasis, em cartaz no CCSQ. Apresentado há 20 anos, o show da cantora maranhense, famosa por seu timbre expressivo, joga luz sobre aspectos da ancestralidade brasileira.

No repertório, pontos e rezas ligados às religiões de matrizes africanas mesclam-se com clássicos da MPB, de autores como Gilberto Gil e Jorge Ben, evocando entidades-símbolos da fé afro-brasileira. A apresentação ganha força com arranjos modernos, em roupagem eletrônica.

Com Tecnomacumba, Rita provou que o elo entre a música brasileira e a eletrônica tem como alicerce o bater dos tambores, cujos ecos reverberam para além dos terreiros, passando pelas patuscadas e rodas de samba que animam os fundos de quintal, nos grandes centros e rincões do Brasil. Ao longo dos 20 anos em que é apresentado, Tecnomacumba evoluiu, assim como sua intérprete. O show tornou-se uma grande referência para as novas gerações, amadureceu e possibilitou a ela experimentar, ousar e reinventar-se.

Tecnomacumba permanece sendo um manifesto de brasilidade e uma intervenção cultural, que em 2022, foi referência para o enredo “Fala Majeté – As setes chaves de Exu” da escola de samba campeã do carnaval carioca, a Acadêmicos do Grande Rio. Rita foi destaque na escola no carro alegórico “Exu – A boca que tudo come”.

“Participar do desfile da Acadêmicos do Grande Rio me deu a certeza do caminho que venho percorrendo na luta pelo reconhecimento da cultura e religiosidade afro-brasileira. Saber que Tecnomacumba é referência do enredo criado pelos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, me deixou em êxtase. Exu riscou e firmou ponto na maior avenida do mundo. Exu venceu e nós vencemos com ele”, diz a cantora.

A longevidade do projeto pode ser explicada a partir da junção de alguns fatores cruciais, como a perseverança da artista, dos músicos e da equipe por ele responsável. Perseverança que ganhou da crítica a acolhida necessária para seguir adiante. E que encontrou no contato com o público a guarida para ir além. Muitos são os espectadores que já perderam a conta das vezes que assistiram ao show. E entre os fãs do projeto estão grandes colegas de cena e de ofício, como Maria Bethânia (que participou do CD ao vivo e do DVD), Alcione, Ney Matogrosso, Leci Brandão, Sandra de Sá, Margareth Menezes e companheiros de geração como Chico César, Teresa Cristina, Mart’nália, Marcos Suzano, Davi Moraes, Zeca Baleiro, entre outros.

Entre os colegas ilustres que reconhecem o talento da artista está o cantor e compositor Caetano Veloso. No texto escrito para o DVD do show, o baiano não só destaca as qualidades vocais da intérprete como confirma sua fama de visionário ao prenunciar: “Este disco tem um futuro intrigante e pode vir a dizer mais do que parece agora”. Caetano tem razão. O projeto diz muito sobre um país que não pode ser perdido, apagado. Ainda mais (e sobretudo) no Brasil de agora.

SOBRE A DOS BRASIS

Em exibição no Quitandinha desde maio, a exposição celebra a produção artística de artistas negros e negras brasileiros, reunindo 384 obras de 241 artistas do país – considerada a mais abrangente mostra dedicada exclusivamente à produção negra nacional. Os trabalhos estão expostos nos salões da área monumental do histórico edifício, que em 2024 completou 80 anos. Parte das obras, algumas inéditas, também são exibidas pela primeira vez na área externa do prédio.

A mostra, cujo título foi inspirado em verso do samba “História para ninar gente grande”, que deu o 20º título à Mangueira, em 2019, é resultado de um trabalho desenvolvido pelo Departamento Nacional do Sesc, em todo o país. Antes do Quitandinha, foi exibida no Sesc Belenzinho, em São Paulo. 

Dos Brasis reúne sete núcleos temáticos – que têm como referência pensamentos de importantes intelectuais negros da história do Brasil, como Beatriz Nascimento, Emanoel Araújo, Guerreiro Ramos, Lélia Gonzales e Luiz Gama. A exposição apresenta obras em diversas linguagens artísticas, como pintura, fotografia, escultura, instalações e videoinstalações, produzidas desde o fim do século XVIII até o século XXI. A exposição poderá ser vista até 27 de outubro.

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